Europa lidera o consumo mundial de café — e o Brasil segue no topo da produção

A Europa é, disparado, o maior amante de café do planeta. São 147 mil sacas consumidas por dia — o que dá 53,7 milhões por ano, ou quase um terço da demanda mundial. O velho continente reina absoluto no consumo da bebida mais querida do mundo. Do outro lado da cadeia, quem lidera a produção é a América do Sul. Só no último ano, foram colhidas 89,3 milhões de sacas — quase metade da oferta global. O Brasil, claro, é o grande motor dessa engrenagem. Na média, são 245 mil sacas de café produzidas por dia na América do Sul. A sintonia entre consumo e produção é quase perfeita: o mundo colheu 178 milhões de sacas e consumiu 177 milhões. Um equilíbrio que mostra o quanto esse mercado é estável — e essencial. No ranking global de consumo, a liderança da Europa é seguida por Ásia e Oceania (25,8%), América do Norte (17,4%), América do Sul (15,8%), África (7%) e Caribe, América Central & México (3,4%). O café continua sendo um dos produtos mais universais do mundo. Um mercado em que cada região tem papel fundamental — seja no cultivo, seja no consumo. Uma conexão global que começa com um simples gole.
Tereza Cristina acredita em possível negociação entre Brasil e EUA sobre tarifa de 50%

A senadora Tereza Cristina (PP) acredita que nos próximos dias pode ter alguma negociação entre Estados Unidos e o Brasil sobre a medida de Donald Trump tarifar o Brasil em 50%. A decisão do presidente americano foi anunciada na tarde desta quarta-feira (9) e entra em vigor a partir de 1º de agosto. “As nossas instituições precisam ter calma e equilíbrio nesta hora. A nossa diplomacia deve cuidar dos altos interesses do Estado brasileiro. Brasil e Estados Unidos têm longa parceria e seus povos não devem ser penalizados. Ambos têm instrumentos legais para colocar à mesa de negociação nos próximos 22 dias”, disse a senadora. Donald Trump fez o anúncio na rede social Truth Social, onde menciona perseguição do STF (Supremo Tribunal Federal) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Tereza Cristina foi ministra no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Após uma série de embates e troca de farpas nas redes sociais com o presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, foi definida a porcentagem sobre os produtos importados do Brasil. Além disso, o norte-americano diz ainda que as relações comerciais entre o Brasil e os EUA são injustas. Até o momento, Donald Trump já definiu tarifas de ao menos sete países, sendo o Brasil com o maior percentual. Anna Gomes – Midiamax
Conab estima nova safra recorde com produção de 339,6 milhões de toneladas

A produção brasileira de grãos para a safra 2024/25 é estimada em 339,6 milhões de toneladas, um volume recorde que representa aumento de 14,2% ou 42,2 milhões de toneladas frente à colheita do ciclo anterior. O resultado consta do décimo levantamento divulgado nesta quinta-feira (10) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e reflete a combinação de fatores como clima favorável, ampliação da área plantada, maior investimento tecnológico e estímulo por políticas públicas. A área cultivada no país totaliza 81,8 milhões de hectares, crescimento de 2,3% na comparação anual. O aumento é puxado principalmente pela soja, cuja área cresceu 3,2% (1,5 milhão de hectares), seguida pelo milho com 2,4% (507,8 mil hectares) e pelo arroz, que apresentou incremento de 140,8 mil hectares. Embora o plantio das culturas de inverno tenha sido prejudicado por excesso de chuvas na Região Sul, os demais cultivos avançam satisfatoriamente nas diversas etapas do ciclo. A soja deve alcançar produção de 169,5 milhões de toneladas, avanço de 14,7% em relação à safra passada. A produtividade média também é recorde, estimada em 3.560 kg/ha, com destaque para Goiás, onde atingiu 4.122 kg/ha. Já o milho, somando as três safras, tem produção prevista de 132 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 14,3%. A primeira safra já está quase toda colhida, enquanto a segunda safra segue em processo de amadurecimento. Atualmente, cerca de 27,7% das plantações já foram colhidas, enquanto 65% ainda estão na fase de maturação. O arroz, com colheita encerrada, apresenta recuperação e deve alcançar 12,3 milhões de toneladas, alta de 16,5%. O aumento na área semeada e o bom desempenho climático, sobretudo no Rio Grande do Sul, explicam o resultado. No caso do feijão, a produção total estimada é de 3,15 milhões de toneladas, 1,3% inferior ao ciclo anterior, mas com bom desempenho na primeira safra, que cresceu 12,8%. As lavouras da segunda safra seguem em maturação e colheita, e a terceira está em desenvolvimento. O algodão tem produção prevista em 3,9 milhões de toneladas de pluma, com 7,3% da área já colhida e 78,9% em maturação. O crescimento de 6,4% na produção reflete o aumento de 7,2% na área cultivada. Mato Grosso lidera com quase 70% do total nacional, seguido pela Bahia com pouco mais de 20%. Já o trigo, ainda em plantio em boa parte dos estados do Sul, registra redução de 16,5% na área e expectativa de produção de 7,8 milhões de toneladas. A maior parte das lavouras está entre emergência e desenvolvimento vegetativo, mas já há áreas colhidas no Centro-Oeste e Sudeste. A evolução da safra é monitorada mensalmente pela Conab, com base em mais de 540 combinações de dados de área e produtividade, por cultura e por estado. As estimativas utilizam modelos estatísticos e informações de campo coletadas por mais de 4.000 agentes em todo o país, incluindo análises objetivas com imagens de satélite e observações climáticas. O levantamento atual ainda pode ser ajustado conforme o comportamento do clima nos próximos meses, especialmente nas culturas em final de plantio ou em fases iniciais de desenvolvimento. Mercado – A recente elevação da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, aprovada pelo CNPE, impulsiona o mercado de soja ao aumentar a demanda por esmagamento. A expectativa é de processamento adicional de cerca de 935 mil toneladas do grão, o que eleva a produção de óleo para 11,37 milhões de toneladas e a de farelo para 43,78 milhões de toneladas, com consequente alta no consumo interno e nos estoques desses derivados. Apesar da leve redução na estimativa de produção da soja em grão, as exportações seguem praticamente inalteradas, com previsão de 106,22 milhões de toneladas. No milho, o forte crescimento da demanda doméstica, principalmente para a produção de etanol, deve absorver parte do aumento na oferta, estimada em 132 milhões de toneladas. A previsão é de que 90 milhões sejam consumidas internamente, enquanto as exportações podem cair levemente, em meio à maior competitividade internacional. Com isso, os estoques finais devem crescer de forma expressiva. Para o arroz, a recomposição da produção nacional, aliada à perspectiva de queda nos preços internos, deve estimular a retomada das exportações. As importações permanecem estáveis e os estoques finais tendem a aumentar. No caso do feijão, o mercado apresenta tendência de queda nos preços, mesmo com oferta ajustada, refletindo consumo lento e resistência do varejo na reposição de estoques. O algodão, por sua vez, mantém boas perspectivas externas, especialmente na Ásia, embora a menor demanda da China e o alto volume estocado pressionem os preços. Nas culturas de inverno, como trigo, aveia e canola, o avanço da semeadura ocorre sob influência do clima, com expectativa de produtividade ainda baseada em históricos. A cevada apresenta redução de área em alguns estados, enquanto o sorgo ganha espaço com boa aceitação na indústria de ração e etanol. Para informações detalhadas, o Boletim da Safra de Grãos está disponível no site da Conab, assim como os boletins complementares de monitoramento agrícola e de progresso da colheita, que permitem o acompanhamento contínuo da evolução da safra em todo o território nacional. Foto: Clara Medeiros/Dourados News/Arquivo Dourados News, com Conab
Pecuária do Pantanal ganha plano estratégico para impulsionar cadeias produtivas com foco em sustentabilidade

Com mais de 300 anos presente na tradição no Pantanal, a atividade pecuária agora passa a ser analisada sob um novo olhar. O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), encomendou um estudo técnico que vai embasar o Plano de Fortalecimento das Cadeias Pecuárias do Pantanal. O diagnóstico, solicitado pela Secretaria Executiva de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Sedes), foi apresentado recentemente ao secretário Jaime Verruck, ao secretário adjunto Arthur Falcette, aos secretários executivos Rogério Beretta (Desenvolvimento) e Ricardo Senna (Ciência e Tecnologia), além das equipes técnicas ligadas aos setores de investimentos e pecuária. Elaborado pelos consultores Marcelo Rondon de Barros e Janielly Barros, o estudo detalha os principais desafios, identifica oportunidades e propõe ações concretas para fortalecer as cadeias produtivas da região, que ocupa cerca de 27% do território estadual e representa 6,8% do PIB de Mato Grosso do Sul. Bovinocultura: tradição e força econômica Principal atividade pecuária da região, a bovinocultura de corte reúne mais de 4,2 milhões de cabeças de gado — o que corresponde a 22,7% de todo o rebanho sul-mato-grossense. Apenas em 2024, a comercialização de bezerros e bois movimentou mais de R$ 5 bilhões, evidenciando o protagonismo do Pantanal como fornecedor de animais magros para engorda e abate. “O grande foco é a questão da bovinocultura por entender que a atividade é praticada há pelo menos 300 anos no Pantanal. Então precisávamos entender como estava essa pecuária, em cada atividade, e com o estudo isto está respaldado”, afirmou o secretário Jaime Verruck. O plano propõe medidas como a criação de selos de origem, ampliação da habilitação de frigoríficos para exportação, rastreabilidade do couro e incentivo ao pagamento por serviços ambientais (PSA). “É uma ampliação das ações que a Semadesc já desenvolve, principalmente na bovinocultura, mas foram consideradas inúmeras atividades pecuárias”, acrescentou Verruck. Diversificação e potencial produtivo O estudo também abrange cadeias produtivas menos expressivas, mas com grande potencial de desenvolvimento, como a ovinocultura, apicultura, piscicultura, criação de jacarés e equideocultura. A ovinocultura, por exemplo, mostra sinais de recuperação, com aumento de abates e valorização da raça pantaneira. O plano propõe ações como o reconhecimento oficial da raça, combate à informalidade e criação de protocolos de produção sustentável. Já a apicultura e meliponicultura se destacam pelo viés ambiental, especialmente após o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) do Mel do Pantanal. No entanto, gargalos logísticos e ausência de estrutura ainda limitam seu avanço. O plano sugere mais assistência técnica, qualificação dos produtores e estudos sobre espécies nativas, além da criação de seguros específicos para a atividade. A piscicultura, por sua vez, é citada como um setor promissor, embora desafiado por limitações naturais e ambientais. O diagnóstico indica a necessidade de investimentos em genética e manejo sustentável para ampliar a produção. O sistema de criação de jacarés (farming e ranching) também foi contemplado, com foco na geração de renda a pequenos produtores por meio do modelo “headstarting” e no fortalecimento de certificações. Na equideocultura, essencial para a cultura e logística pantaneira, o plano propõe a promoção da raça pantaneira e incentivo ao registro formal dos animais. Planejamento estratégico por sub-região O levantamento considerou 11 sub-regiões do Pantanal — sendo oito no Mato Grosso e três em Mato Grosso do Sul, além da porção localizada no Pantanal do Paraguai. Foram analisados dados de produtividade, infraestrutura das propriedades e programas de incentivo, com base em informações do IBGE, Iagro, Agraer e Senar. “Foi feito um amplo diagnóstico da pecuária, apicultura, piscicultura, entre outras atividades, para que se pudesse construir um plano de ação. Isso também está dando suporte à estruturação do PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) dentro do Pacto do Pantanal. A ideia é justamente realizar um plano estruturado para o fortalecimento das cadeias produtivas”, explicou Verruck. Produção com responsabilidade ambiental Além das ações específicas por cadeia, o plano destaca a importância de melhorar a infraestrutura logística do Pantanal, incluindo portos fluviais, aterros e estradas, além da modernização das inspeções sanitárias e integração de políticas públicas que conciliem produção e preservação. Para o Governo de Mato Grosso do Sul, o grande diferencial do Pantanal está justamente na produção sustentável, que alia tradição, geração de renda e conservação ambiental. “Temos agora um plano de desenvolvimento específico, com inúmeras ações relativas à região. A ideia com este diagnóstico é olharmos o Pantanal com um olhar diferente para cada uma de suas regiões. Temos dados muito positivos e que até nos surpreendem. Por exemplo, hoje 45% dos animais abatidos estão inseridos em programas do governo estadual, como o Precoce MS ou a Pecuária Sustentável. Isso mostra que estamos no caminho certo: promovendo desenvolvimento com sustentabilidade”, finalizou Jaime Verruck. Informações: Semadesc Angela Shafer, de Campo Grande Foto: Saul-Schramm