27/09/2025 07:05

Lagarta-do-Cartucho volta a preocupar produtores na safrinha de milho 2025

A safrinha de milho 2025 reacendeu o alerta dos produtores em todo o Brasil com o retorno em força da Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho. A praga voltou a ocupar lugar de destaque no cenário agrícola nacional, desafiando as estratégias de controle e colocando à prova a eficácia das biotecnologias usadas nas últimas safras.

Segundo o especialista Paulo Garollo, a perda de eficiência das biotecnologias baseadas em proteínas Bt está diretamente relacionada ao não cumprimento das boas práticas agrícolas. “Sem a adoção adequada de refúgios, essas tecnologias estão fadadas a perder eficiência rapidamente. Muitos produtores voltaram a aplicar defensivos quase no mesmo volume de antes da chegada da biotecnologia”, alerta.

Além da lagarta-do-cartucho, outras pragas estão ganhando espaço e dificultando o manejo. A lagarta-da-espiga (Helicoverpa zeae) tem se mostrado mais agressiva e presente nas lavouras. Já o pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis), além dos danos por sucção de seiva, favorece o desenvolvimento de doenças como a fumagina.

Condições climáticas e área plantada favorecem avanço das pragas

De acordo com Alex Federich, gerente de Marketing de Culturas da Syngenta, a combinação entre clima favorável e o aumento na área de milho safrinha criou um cenário ideal para a proliferação de pragas como a lagarta-do-cartucho, percevejos e cigarrinhas. “O cenário exige um manejo integrado e inteligente, que combine tratamento de sementes, defensivos biológicos e químicos, e monitoramento constante”, explica.

Além das pragas, doenças fúngicas também preocupam. Garollo aponta que a qualidade da palhada deixada no solo é um fator crítico. “A maior parte dos fungos que afetam o milho são necrotróficos. A palhada contaminada pode abrigar esporos por mais de 12 meses, afetando a sanidade da próxima safra”, afirma.

Mesmo na reta final do ciclo, os especialistas reforçam: é preciso continuar monitorando. “A vigilância precisa ser constante, do início ao fim da lavoura. Algumas pragas, mesmo no final do ciclo, ainda podem comprometer a produtividade e a qualidade dos grãos”, finaliza Federich.