26/09/2025 23:43

Plano Safra 2025/2026 cresce no papel, mas perde força frente à inflação e juros mais altos  

Na prática, isso significa perda de poder de compra para o produtor rural

O governo federal anunciou um volume recorde de R$ 594,4 bilhões para o Plano Safra 2025/2026, com R$ 78,2 bilhões voltados à agricultura familiar e R$ 516,2 bilhões destinados à agricultura empresarial. Apesar de os números indicarem aumento nominal em relação ao ciclo anterior — 2,89% para a agricultura familiar e 1,49% para a empresarial —, o reajuste não cobre a inflação acumulada de 4,73% em 2024.

Na prática, isso significa perda de poder de compra para o produtor rural. De acordo com a análise orçamentária, publicada pelo Sistema Famasul, para manter o mesmo nível de investimento do ciclo passado, os valores teriam de ser de, no mínimo, R$ 79,59 bilhões para a agricultura familiar e R$ 532,65 bilhões para a empresarial. O resultado é uma redução real na capacidade de financiamento, o que acende o alerta num cenário em que os custos de produção continuam elevados.

Além disso, o crédito ficou mais caro. As taxas de juros subiram, em média, dois pontos percentuais em comparação ao ciclo anterior, tornando o acesso ao financiamento ainda mais difícil — especialmente para os pequenos e médios produtores.

Com isso, o Plano Safra pode até parecer mais robusto nos números, mas, na prática, oferece menos força financeira a quem está no campo. Representantes do setor agropecuário defendem que, além de mais recursos, é urgente ampliar o alcance de políticas públicas que ofereçam segurança ao produtor e sustentem a atividade no longo prazo — como o seguro rural.

A questão é que nem isso veio com clareza. O novo Plano Safra sequer detalhou o orçamento destinado ao Programa de Seguro Rural (PSR), que, inclusive, sofreu cortes expressivos nas últimas semanas, em relação aos valores remanescentes do ciclo anterior.

Fonte: Alô Mídia/Campo Grande

Texto e foto: Angela Schafer