Paraguai e Argentina selam acordo de gasoduto que pode abastecer MS

O memorando de entendimento foi firmado durante a Cúpula de Presidentes do Mercosul, em Buenos Aires

Paraguai e Argentina assinaram, na quarta-feira (2), acordo para construção do Gasoduto Bioceânico, que ligará os campos de gás natural de Vaca Muerta, na Argentina, ao Brasil, passando pelo território paraguaio. O projeto é visto como alternativa para Mato Grosso do Sul, que enfrenta redução na oferta do gás boliviano, principal fonte do produto no Estado.

O memorando de entendimento foi firmado durante a Cúpula de Presidentes do Mercosul, em Buenos Aires. O acordo prevê criação de grupo técnico binacional para elaborar estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental da obra. A principal rota cogitada passará pelo Chaco paraguaio, usando o território como corredor logístico até o mercado brasileiro.

Segundo o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Javier Giménez, parte do gás ficará no país para abastecer indústrias locais, gerando empregos e divisas. “Será uma obra maravilhosa para criar um mecanismo de transporte e de ingresso de divisas, além de potencializar nossa indústria, pois parte desse gás ficará no Paraguai para alimentar nossas indústrias no Chaco, onde temos matéria-prima, mão de obra e enorme potencial de crescimento”, afirmou.

O gasoduto integra o projeto maior da Rota Bioceânica de Capricórnio, corredor logístico que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, com cerca de 2,4 mil km de infraestrutura entre rodovias, pontes e dutos. O objetivo é facilitar o escoamento de mercadorias entre o Atlântico e o Pacífico, competindo com o Canal do Panamá no acesso aos mercados asiáticos.

Paradoxo – Em Mato Grosso do Sul, a queda na importação do gás boliviano reduziu a arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), gerando impacto direto no orçamento estadual deste ano. Segundo o governo, a redução na importação chegou a US$ 156 milhões no primeiro semestre, mesmo com o crescimento de outros setores, como a celulose, que hoje representa 36% da balança comercial do Estado.

Em entrevista a Revista Exame, o governador Eduardo Riedel (PSDB) já definiu o cenário é paradoxal. Mesmo com previsão de crescimento de 5,5% no PIB (Produto Interno Bruto), a arrecadação ficou abaixo do esperado por causa do recuo na importação de gás. “A gente não vai aumentar o imposto, vamos lidar com aquilo que tem. Vamos ajustar o orçamento para 2026 em função disso, e o Estado crescer”, disse Riedel, ao citar que o problema independe do governo estadual.

A alternativa argentina pode garantir segurança energética ao Estado, que já avalia projetos de expansão da rede de gás natural por meio da MSGÁS, como o ramal até Inocência para atender a futura fábrica da Arauco, além de novos empreendimentos industriais e imobiliários em Campo Grande. O Gasbol, atual gasoduto entre Bolívia e Brasil, continua operando, mas com oferta limitada.

Fonte: Gustavo Bonotto/Campo Grande News

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