Pix desafia gigantes globais e reforça inclusão financeira, avalia FCDL-MS

O Pix tem provocado incômodo em setores consolidados do sistema financeiro internacional

Lançado pelo Banco Central e rapidamente incorporado à rotina dos brasileiros, o Pix tem provocado incômodo em setores consolidados do sistema financeiro internacional. Para a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul (FCDL-MS), o modelo de pagamento instantâneo, gratuito e acessível, desenvolvido pelo Banco Central, vai além da inovação tecnológica: representa um divisor de águas na democratização do acesso aos meios de pagamento — e, ao mesmo tempo, uma ameaça real ao domínio de grandes conglomerados estrangeiros, especialmente os ligados às operadoras de cartões de crédito, maquininhas e serviços com cobrança de taxas.

A análise da entidade surge em meio à abertura de uma investigação comercial pelos Estados Unidos contra o Brasil. O processo, conduzido pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), inclui alegações de que o governo brasileiro estaria favorecendo o Pix, em detrimento de empresas americanas do setor de pagamentos. Na prática, o questionamento revela o desconforto de big techs e operadoras internacionais diante da rápida consolidação do Pix como o método de pagamento preferido de três em cada quatro brasileiros.

Para a FCDL-MS, essa reação ilustra como o avanço de soluções públicas e inclusivas pode contrariar interesses econômicos de grupos que historicamente detêm o controle dos sistemas financeiros — e reforça a importância de preservar a autonomia tecnológica e financeira nacional.

“O varejo brasileiro encontrou no Pix uma ferramenta de inclusão, de praticidade e de redução de custos operacionais. Ao propor uma alternativa nacional aos modelos tradicionais, o Pix devolve autonomia ao empreendedor e ao consumidor”, afirma a presidente da FCDL-MS, Inês Santiago. Ela destaca que, além de gratuito para pessoas físicas, o sistema conta com regras transparentes, baixo custo para empresas e liquidação imediata, diferenciais que impulsionaram sua rápida aceitação no comércio.

De acordo com especialistas ouvidos pela imprensa nacional, o incômodo das empresas estrangeiras se dá pelo risco de perda de mercado diante de um sistema inovador que não depende das redes privadas de transação, como Visa, Mastercard e plataformas como PayPal ou WhatsApp Pay — este último, inclusive, barrado temporariamente em 2020 por não atender critérios regulatórios.

“A pressão internacional parece menos ligada a práticas desleais e mais à tentativa de conter a expansão de soluções que fogem do controle dos Estados Unidos”, observa Inês. Para ela, a investigação é um sinal de que o Brasil está avançando em soluções que desafiam a hegemonia de tecnologias estrangeiras. “A defesa da soberania tecnológica e da liberdade de escolha dos lojistas e consumidores deve ser prioridade para o país.”

A FCDL-MS destaca que o Pix tem sido uma ferramenta estratégica para pequenos e médios empreendedores em Mato Grosso do Sul, sobretudo nos bairros e nas cidades do interior. “Hoje, muitos negócios sobrevivem porque têm no Pix uma forma simples e segura de vender. Essa realidade não pode ser ignorada por interesses geopolíticos ou corporativos externos”, conclui a presidente.

Pix chega à França

A recente internacionalização do Pix mostra ainda mais seu papel disruptivo no mercado global de pagamentos. Desde o início desta semana, turistas brasileiros que visitam a França já podem utilizar o Pix para realizar compras em diversas lojas de Paris, por meio da plataforma VoucherPay, oferecida pela fintech PagBrasil. O sistema gera um QR Code em reais, que é escaneado pelo aplicativo bancário do visitante, com conversão automática para euros e transação instantânea, incluindo uma taxa de serviço em torno de 3%.

Essa novidade, batizada como “International Pix”, permite também o parcelamento em até 10 vezes em reais, proporcionando praticidade, redução de custos com IOF e taxas de cartão internacional, além de maior segurança para consumidores e lojistas. Estabelecimentos populares entre turistas brasileiros, como perfumarias e lojas de souvenirs, já aderiram à iniciativa, que deverá se expandir para outros países nos próximos anos.

Informações: Assessoria de Imprensa

Angela Schafer, de Campo Grande

Foto: Divulgação