Ficou para o dia 6 | Trump adia início de tarifas sobre exportações  

Em ordem executiva assinada, o republicano impôs alíquotas que variam de 10% a 41% a dezenas de países; a do Brasil chega a 50% Foto: Divulgação

Ontem (1º) seria o prazo final e inadiável para aplicação do tarifaço. Pelo menos foi o que informou o governo dos Estados Unidos, que jogou para semana que vem a data em que entrarão em vigor tarifas recíprocas reajustadas por Donald Trump.

Em ordem executiva assinada, o republicano impôs alíquotas que variam de 10% a 41% a dezenas de países – a do Brasil chega a 50%. O decreto pontua que as taxas entram em vigor sete dias após sua publicação, no dia 6 de agosto, próxima quarta-feira.

Alguns setores brasileiros conseguiram escapar da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, enquanto outros foram diretamente atingidos pela medida, o decreto trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio.

Já setores como o de café, carne bovina e frutas devem sentir o impacto com força.

A nova tarifa, que entra em vigor pode afetar diretamente a balança comercial brasileira, já que os EUA são o segundo principal destino das exportações do país, atrás apenas da China.

Apesar da lista de exceções, a maior parte dos produtos brasileiros será atingida pela nova tarifa.

Entre os afetados estão justamente alguns dos itens mais exportados:

Café: o Brasil exportou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024, o equivalente a 16,7% do total embarcado.

A tarifa de 50% deve comprimir as margens do setor e encarecer o produto para o consumidor americano. O Cecafé já prevê impacto direto no preço final nos EUA.

Carne bovina: os EUA são o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira. Em 2024, foram 532 mil toneladas exportadas, com receita de US$ 1,6 bilhão. A Minerva estima que a tarifa pode reduzir em até 5% sua receita líquida.

Empresas com operações nos EUA, como JBS e Marfrig, podem mitigar parte dos efeitos, mas o impacto sobre o setor como um todo é significativo.

 Frutas: o setor exportou mais de 1 milhão de toneladas em 2023. A tarifa afeta diretamente 36,8 mil toneladas de manga, 18,8 mil toneladas de frutas processadas (principalmente açaí), 13,8 mil toneladas de uva e 7,6 mil toneladas de outras frutas.

O aumento de custo pode comprometer a competitividade das frutas brasileiras no mercado americano.

Têxteis: não houve isenção ampla para o setor. Apenas itens muito específicos, como fios de sisal para enfardamento e produtos destinados a aeronaves civis, escaparam da tarifa.

A indústria têxtil brasileira, que já enfrenta forte concorrência internacional, deve ser duramente atingida.

Calçados: os calçados brasileiros não foram incluídos em nenhuma exceção específica e, portanto, estão sujeitos à tarifa integral.

O setor, que depende fortemente das exportações para os EUA, deve enfrentar queda nas vendas e aumento de estoques.

Móveis: apenas móveis classificados como “artigos de aeronaves civis” foram isentos. Isso inclui assentos utilizados em aviões e móveis específicos de metal ou plástico destinados a esse uso.

O restante do setor será tarifado, afetando exportadores de móveis residenciais e comerciais.

Texto Angela Schafer / informações CNN/ BBC News