27/09/2025 03:47

MS busca ampliar espaço de jovens e mães no mercado diante de vagas ociosas

Com a quarta menor taxa de desemprego do país (2,9%), Mato Grosso do Sul vive um paradoxo: enquanto empresas de diferentes setores oferecem oportunidades, muitas delas seguem sem ser preenchidas. O fenômeno, resultado direto do aquecido crescimento econômico do Estado, expõe as chamadas “dores do desenvolvimento” a escassez de mão de obra qualificada e a dificuldade de inserção de grupos historicamente excluídos, como jovens com escolaridade incompleta e mães sem rede de apoio para cuidar dos filhos.

O tema foi o centro do 1º Fórum Estadual de Gestores do Trabalho, Emprego e Renda, realizado na última semana, em Campo Grande. O evento reuniu autoridades estaduais e nacionais, com a participação do governador Eduardo Riedel na abertura.

“Temos que fazer um esforço grande. Quando investimos para resolver os problemas das pessoas, temos respostas imediatas. Esse é o nosso desafio: dar oportunidades a quem ainda não conseguiu espaço no mercado”, afirmou Riedel.

Políticas alinhadas e novos programas

Entre os destaques, o Governo do Estado lançou o Voucher Qualificação, expansão do programa MS Qualifica, que amplia a oferta de cursos em parceria com Senac e Senai. Serão 88 formações em áreas estratégicas como administração, tecnologia da informação, construção civil, indústria, energia, agro e alimentos, com previsão de atender 1.420 pessoas em 27 municípios.

A medida complementa iniciativas já em andamento, como o Voucher Transportador, que habilitou motoristas para atender à demanda crescente do setor de transporte de cargas e passageiros. “Tínhamos oferta de empregos, mas faltava mão de obra. O programa conectou essa necessidade à capacitação, com resultados imediatos”, ressaltou o secretário Jaime Verruck (Semadesc).

Reconhecimento nacional

O diretor do Departamento de Políticas Públicas de Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Tiago de Oliveira Motta, elogiou o modelo sul-mato-grossense. “As políticas aplicadas aqui estão 100% alinhadas ao que o Governo Federal defende: a empregabilidade como um corpo único. O trabalhador não precisa só de qualificação, mas também de condições reais para ingressar e se manter no mercado”, avaliou.

Segundo Motta, além da baixa taxa de desocupação, o Estado apresenta apenas 11% de subocupação, índice significativamente inferior à média nacional. Para ele, o diferencial está na atenção a dois grupos-chave: jovens, que necessitam de escolarização e capacitação social e profissional, e mães, que precisam de políticas de suporte, como creches, para não serem excluídas do mundo do trabalho.

Desafios do pleno emprego

Apesar do cenário positivo, a ociosidade de vagas representa um entrave para o avanço econômico e social. Para superar esse gargalo, o Fórum propôs a intensificação de mutirões de empregabilidade, aproximando diretamente empresas e candidatos, além da expansão de programas de formação profissional.

“Estamos diante de uma realidade inédita: pleno emprego, mas ainda com espaço para crescer. É preciso investir em quem está à margem do mercado e criar condições para que todos possam participar desse ciclo de desenvolvimento”, destacou Riedel.

Com as novas estratégias, o governo pretende transformar as “dores do crescimento” em oportunidades de inclusão, assegurando que jovens e mães ocupem um espaço cada vez mais protagonista no futuro do trabalho em Mato Grosso do Sul.

Angela Schefer, de Campo Grande/Informações: Semadesc

Foto: Marinco de Paula