27/09/2025 03:41

Um peixe no tomógrafo | Exame inédito com cachara do Bioparque Pantanal gera polêmica nas redes

Não é todo dia que um peixe entra em um tomógrafo, mas foi exatamente isso que aconteceu em Campo Grande, e a cena rendeu manchetes e até debates nas redes sociais. Na última segunda-feira (15), um cachara (Pseudoplatystoma fasciatum), integrante do plantel do Bioparque Pantanal, passou por um exame de tomografia computadorizada no Hospital Veterinário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). O procedimento, inédito na instituição, foi realizado após o animal apresentar perda de apetite e perda de peso, levantando a suspeita de alterações metabólicas.

Prints redes sociais (Midiamax)

O que deveria ser apenas um marco científico e uma oportunidade de avanço na medicina veterinária, acabou virando alvo de revolta virtual. Internautas confundiram o atendimento do peixe no hospital veterinário da UFMS com a rede pública de saúde e acusaram o animal de ter “furado a fila” do SUS.

“Enquanto isso, tem cidadão que espera anos pra fazer esse exame”, escreveu um usuário. Mesmo reportagens locais tendo deixado claro que o exame ocorreu em um hospital veterinário universitário, muitos preferiram ignorar os detalhes e disparar críticas.

Outro usuário disparou: “Infelizmente tantas pessoas morrem todos os dias em corredores de hospitais por falta de recursos governamentais para dar um atendimento digno às pessoas e aí vem uma reportagem dessa achando que a gente acha bunito isso, os profissionais envolvidos não tem culpa.”

As críticas não pararam por aí: “O peixe estava na fila de espera a quanto tempo?” E alguns, que entenderam a notícia, até criticaram alguns veículos como conduziram a informação, mas o que aconteceu mesmo, foi uma má interpretação da notícia.

A tomografia do cachara

O animal foi submetido a uma bateria de exames, incluindo ultrassom e tomografia, para investigar possíveis obstruções em seu sistema digestivo. Durante todo o processo, veterinários e estudantes tiveram o cuidado de manter os parâmetros adequados de temperatura, oxigenação e bem-estar do peixe, que permaneceu fora da água apenas pelo tempo necessário, em uma estrutura especial que garantiu sua respiração.

Após o exame, o cachara retornou ao Bioparque Pantanal, onde segue em quarentena, acompanhado de perto pelas equipes. Os resultados devem sair nos próximos dias.

A UFMS já havia realizado ultrassons em peixes, mas nunca uma tomografia. A experiência, inédita, mobilizou professores, estudantes e técnicos, marcando um avanço para a medicina veterinária no Estado.

Entre ciência e desinformação

Enquanto parte da população se dividia entre piadas e críticas, a cena do peixe dentro de um tomógrafo escancarou uma lição: ciência e desinformação ainda travam batalhas diárias, até quando o paciente é um peixe.

Angela Schafer, de Campo Grande