Saca de 50 kg fechou a R$ 61,28 na terça-feira, forçando agricultores a negócios pontuais para custear plantio da safra 2025/26
O mercado de arroz brasileiro enfrenta uma das piores crises de preços dos últimos anos. Na terça-feira (23), a saca de 50 quilos do grão em casca fechou cotada a R$ 61,28 no indicador Cepea/Irga (58% de grãos inteiros, pagamento à vista), representando o menor valor registrado desde junho de 2020.
Fatores pressionam cotações para baixo
Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a forte pressão nos preços resulta principalmente de dois fatores: a menor disponibilidade de recursos no mercado e a redução na competitividade das exportações brasileiras, causada pela queda do dólar em relação ao real.
A valorização da moeda nacional tornou os produtos brasileiros menos atrativos no mercado internacional, reduzindo a demanda externa que tradicionalmente sustenta os preços do arroz nacional.
Mercado em compasso de espera
O cenário adverso levou parte dos agentes do mercado a se retirarem temporariamente das negociações, aguardando maior estabilidade nas cotações. Os participantes que permaneceram ativos no mercado realizaram apenas operações pontuais, demonstrando cautela diante da volatilidade.
Produtores forçados a vendas emergenciais
Entre os que seguiram negociando, destacam-se produtores que precisavam urgentemente levantar recursos para custear a semeadura da safra 2025/26. Esta situação coloca os agricultores em posição vulnerável, forçando-os a aceitar preços baixos para garantir capital de giro para o próximo plantio.
Impacto na próxima safra
A persistência dos preços baixos já gera reflexos no planejamento da próxima safra. Desmotivados pelo recuo das cotações, os produtores de arroz devem reduzir significativamente a área de plantio da safra 2025/26, segundo informações do Agro Estadão.
Esta redução de área pode criar um ciclo vicioso: menor plantio resulta em menor oferta futura, mas a decisão atual é baseada nos preços deprimidos do presente.
Histórico de volatilidade
O valor atual de R$ 61,28 por saca marca o menor patamar em cinco anos, evidenciando a severidade da crise atual. Para contextualizar, em junho de 2020 – último período com preços similares – o mercado agrícola enfrentava incertezas iniciais da pandemia de COVID-19.
Desafios para a rizicultura brasileira
A situação atual expõe vulnerabilidades estruturais da rizicultura nacional, especialmente a dependência de fatores externos como câmbio e mercado internacional. Produtores enfrentam o dilema de manter a produção em cenário de preços baixos ou reduzir plantio e arriscar desabastecimento futuro.
Perspectivas incertas
Com menor liquidez no mercado e agricultores hesitantes em fazer novos negócios, o setor rizicultor brasileiro enfrenta momento de definições importantes. As decisões tomadas agora sobre o plantio da safra 2025/26 terão impactos duradouros na oferta nacional de arroz.
A combinação de preços em queda, dólar desvalorizado e necessidade de recursos para custeio cria cenário desafiador para os produtores, que precisam equilibrar sustentabilidade financeira com continuidade da atividade produtiva.
Necessidade de estratégias
O momento exige que produtores desenvolvam estratégias de gestão financeira mais robustas, considerando a volatilidade cambial e a dependência do mercado externo. A diversificação de culturas e o planejamento financeiro de longo prazo tornam-se essenciais para a sobrevivência no setor.
O mercado de arroz brasileiro atravessa um dos períodos mais desafiadores da década, testando a resistência e capacidade de adaptação dos produtores nacionais.
