27/09/2025 11:56

Japão quer investir e cooperar com Corredor Bioceânico que passa por MS

O Japão está disposto a ajudar a desenvolver e a cooperar com Brasil, Paraguai, Argentina e Chile na implementação do Corredor Bioceânico, que passa por Mato Grosso do Sul e que tem, no sudoeste do Estado, obras como a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta, considerada um dos elementos fundamentais para a efetivação da via de mão dupla para trocas comerciais entre América do Sul e Ásia.

Conforme reportagem do Correio do Estado, o gigante asiático quer trazer sua expertise para a implantação de corredores bioceânicos e para a rota que está sendo implantada no Estado, após atuações exitosas na cooperação técnica, política e financeira em algumas regiões do planeta, como o Sudeste Asiático e a África.

A contribuição do Japão pode ocorrer na implementação das vias da rota ou mesmo no incentivo para que indústrias japonesas se instalem ao longo dela.

Quem fala dessa disposição é o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, em entrevista ao Correio do Estado. “O Japão tem várias experiências na implementação de Corredores Bioceânicos em outros países. Na Ásia, por exemplo, nós trabalhamos muito com o desenvolvimento de corredores”, explica o diplomata.

Teiji Hayashi conta que o Japão atuou decisivamente na implementação do Corredor do Mekong, sistema logístico que cruza o Sudeste Asiático, ligando os oceanos Pacífico e Índico, com rodovias e hidrovias, e que envolve países como Vietnã, Camboja e Tailândia.

“Em Brasília, o Ministério da Infraestrutura já manifestou o interesse de trabalhar conosco”, informou o embaixador.

Desenvolvimento  regional
O principal conhecimento que o Japão pode trazer aos países envolvidos no Corredor Bioceânico – Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico e passa por Mato Grosso do Sul – é o de desenvolver, econômica e socialmente, a rota do corredor.

“Para nós, esse desenvolvimento multinacional de corredores não depende somente da implementação das vias. Porque apenas construir uma ferrovia, uma ponte ou uma hidrovia não beneficia muito a região. Para desenvolver essa rota, temos também que desenvolver as indústrias e as economias dos locais por onde ela passa”, destaca o embaixador japonês.

A cooperação do Japão com a Rota Bioceânica já ocorre e deve ser ainda mais aperfeiçoada em dois níveis: no governamental, integrando projetos, e também no empresarial. Segundo o embaixador, o país asiático pode contribuir com financiamento e cooperação técnica.

“Foi o que houve no caso do Rio Mekong”, exemplifica. “Nós explicamos o potencial da região e da rota às empresas japonesas, e elas podem participar de duas maneiras: na construção da estrutura da rota, ou mesmo instalando uma fábrica no meio dela, para levar produtos a outras grandes cidades”, lembra.

O Corredor Bioceânico
A implantação do Corredor Bioceânico, que liga o Brasil ao Chile, passando pelo Chaco Paraguaio e pelo norte da Argentina, foi idealizada há quase duas décadas, mas sua efetivação teve início apenas no fim da década passada.

As obras na rodovia TransChaco, que atravessará todo o norte do Paraguai, começaram no fim da década passada e já estão bastante adiantadas. Para a conclusão, resta ainda a conexão com a fronteira do Paraguai com a Argentina.

Do lado brasileiro, a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, entre as cidades de Porto Murtinho, no Brasil, e Carmelo Peralta, no Paraguai, teve início em dezembro de 2021. A expectativa é de que ela esteja concluída no segundo semestre de 2026. Além da ponte, também será construído um acesso com ampla estrutura aduaneira. Ambas as obras requerem um investimento de aproximadamente R$ 800 milhões.

A expectativa das autoridades é de que a Rota Bioceânica passe a ser operacional no primeiro semestre de 2027, se não houver atrasos. O corredor possibilitará a redução em até 17 dias no trânsito de mercadorias do Sudeste, Sul e Centro-Oeste brasileiros para a Ásia. A China, segunda maior economia do mundo, e o Japão, quarta maior, têm grande interesse na rota.

EDUARDO MIRANDA – CORREIO DO ESTADO

Foto: Teiji Hayashi, embaixador do Japão, visitou o Correio do Estado e falou do potencial da Rota Bioceânica no comércio com a Ásia (Gerson Oliveira)