Agora é lei: Arara-azul se torna a ave símbolo do Estado de Mato Grosso do Sul  

Hoje, é possível que exista mais indivíduos em cativeiro que em vida livre

Lindas e imponentes, agora elas também são símbolo do Estado de Mato Grosso do Sul. Na última quinta-feira, dia 3, ficou instituído, por força da Lei Estadual 6.442 de 2025, que a Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) é a ave símbolo do Estado e dá outras providências. A proposição foi de autoria do deputado Junior Mochi (MDB), em reconhecimento à sua relevância ecológica, cultural e turística para o MS.

O parlamentar argumentou na apresentação da presente lei que a ave é nativa do Pantanal e de outras áreas de importância ecológica do estado, como o Cerrado, sendo um indicador da riqueza de nossos ecossistemas.

“Além disso, simboliza o compromisso com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável”, justificou Mochi. A publicação está disponível no Diário Oficial do Estado.

Arara-Azul

O desequilíbrio causado pelo homem deixou uma das maiores belezas do Brasil muito próxima do desaparecimento. Estamos falando da Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), uma ave grande e incrivelmente inteligente da família Psittacidae. 

Hoje, é possível que exista mais indivíduos em cativeiro que em vida livre. Mas felizmente, temos observado um crescimento em suas populações, sobretudo na região do Pantanal.

Os psitacídeos compõem a família dos papagaios, periquitos, maritacas e araras. Todos estes possuem um conjunto de características tão marcantes que são facilmente reconhecidas por qualquer pessoa. 

O crânio arredondado, as cores exuberantes das penas e o bico extremamente forte e capaz de romper os frutos mais duros, são uma das mais destacáveis.

Nas araras-azuis não poderia ser diferente. Ela é a maior representante da família, atingindo o tamanho de 1 m de envergadura e pesando cerca de 1,3 kg. Impressionantemente, no período de pico de peso, os filhotes chegam a marcar 1,7 kg.

A plumagem é marcada por um degradê azul-cobalto que se estende da cabeça à cauda, contrastando com o amarelo intenso presente ao redor dos olhos, pálpebras e na pele nua em torno da base da mandíbula. O bico é grande, maciço, curvo e preto, formando quase um círculo com a cabeça, enquanto a língua é espessa e preta.

Há muitos anos, era comum encontrar esses animais em grande parte do Brasil. Mas atualmente, elas ocorrem em apenas três diferentes regiões: 

  1. Pantanal — brasileiro e uma pequena borda do boliviano e paraguaio;
  2. Norte: nos estados do Amazonas e principalmente, na Serra de Carajás do Pará;
  3. Gerais: refere-se à região nordeste, mais especificamente, aos estados de Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e Goiás. 

A alimentação das araras-azuis varia de acordo com a região e a  disponibilidade dos frutos e sementes das palmeiras. As populações pantaneiras se nutrem, principalmente, das sementes do acuri (Scheelea phalerata) e bocaiúva (Acrocomia aculeata). Já em outras áreas, seu cardápio é regado a sementes de inajá, babaçu, catolé e piaçava.

Embora sejam vistas se alimentando diretamente dos cachos, é mais frequente encontrá-las aproveitando as sementes do chão que já foram digeridas por outros animais como o gado.

Entre os 7 e 9 anos atingem a maturidade sexual e iniciam a busca por um parceiro para reprodução, dos quais são fiéis durante toda a vida. 

Depois de formado o casal, facilmente são observados voando e se alimentando juntos até a chegada da época reprodutiva, quando dividem a desgastante tarefa de cuidar do filhote.

Ameaças

As araras são mesmo encantadoras, e infelizmente, a beleza, docilidade e a capacidade de vocalização as tornaram alvos da captura ilegal para comércio no mercado nacional e internacional de pets. 

Além disso, as suas penas eram frequentemente usadas para confecção de colares e cocares indígenas irregulares para venda de souvenirs. 

O tráfico de animais junto à destruição de seus habitats, principalmente pela implantação de pasto no Pantanal e a baixa taxa reprodutiva da espécie são um dos fatores que levou ao quase desaparecimento desse animal, chegando a ser classificado como uma espécie ameaçada pela Lista Vermelha da IUCN.

Graças às diversas iniciativas do Instituto Arara Azul, que nasceram pela paixão da bióloga Neiva Guedes, essas araras que há alguns anos eram classificadas como “Em perigo (EN)”, hoje, estão classificadas como Vulneráveis (VU). Apesar disso já ser um enorme passo rumo à conservação desses animais, ainda temos muito o que fazer! 

Um dos nossos projetos visa à implementação de ninhos artificiais para abrigar os casais na fase reprodutiva e assim, contribuir indiretamente no aumento da população. Inclusive, dos 826 ninhos cadastrados, 353 são artificiais.

Fonte: Alô Mídia/Campo Grande

Texto: Angela Schafer com informações da Alems

Fotos: Instituto Arara-azul