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Chuvas castigam a Colômbia e afetam produção de café; exportações devem cair 4,6%

As fortes chuvas nas regiões cafeeiras da Colômbia já mostram efeitos diretos na safra Mitaca 2025/26 e devem comprometer também o ciclo principal do café no país. De acordo com estimativas da Hedgepoint Global Markets, a produção de café arábica lavado foi revisada para baixo, caindo de 12,9 para 12,4 milhões de sacas — uma redução de 0,7% em comparação com a temporada anterior.

A queda na produção acendeu um alerta para o desempenho das exportações colombianas. A previsão é que o país embarque 13,1 milhões de sacas, 4,6% a menos que em 2024/25, obrigando os exportadores a manter o ritmo de importações para honrar contratos comerciais já firmados.

“Uma safra menor também deve limitar as exportações em 25/26. O país também deve continuar contando com as importações para atingir os números esperados de exportação”, explica Laleska Moda, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também revisou suas previsões: a produção cafeeira colombiana pode sofrer uma queda ainda mais acentuada, de até 5,6%, com recuo de 4,1% nas exportações.

Essas revisões influenciaram o cenário global. A Hedgepoint projeta agora um déficit de 800 mil sacas no balanço mundial para 2025/26. Mesmo assim, os preços futuros do café vêm recuando, pressionados pelo bom desempenho da colheita brasileira e indonésia.

No Brasil, o clima seco favorece o avanço acelerado da colheita da safra 25/26. Com ausência de risco de geadas no curto prazo, o cenário é de ampla oferta. A Indonésia também acelera o ritmo da colheita, aumentando os volumes disponíveis e reduzindo os diferenciais dos cafés asiáticos. Parte dessa produção tem sido direcionada para os estoques certificados da ICE, que seguem em recuperação.

Outro ponto de pressão vem da demanda interna brasileira. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) mostram retração de 5,13% nas vendas no varejo entre janeiro e abril de 2025. O motivo? A escalada dos preços, especialmente no café solúvel, que acumula alta de até 85% no período.

Diante desse cenário, o mercado cafeeiro internacional vive uma dualidade: enquanto o clima adverso ameaça a produção em um dos maiores produtores globais, o aumento da oferta e a retração do consumo no Brasil mantêm os preços pressionados no curto prazo. Para os próximos meses, o equilíbrio entre risco climático e força do consumo será decisivo para definir a tendência do mercado.

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