O início da safra 2025/2026 será marcado por um cenário climático desafiador: chuvas irregulares, temperaturas acima da média histórica e forte possibilidade de influência do fenômeno La Niña.
Segundo o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec/MS), o trimestre de outubro, novembro e dezembro, que é o período decisivo para a germinação e o desenvolvimento inicial da cultura, deve apresentar instabilidade nas precipitações. Historicamente, os volumes acumulados variam de 400 a 500 milímetros em grande parte do estado; no Nordeste e extremo Sul, de 500 a 600 mm; e no Noroeste, de 300 a 400 mm. Neste ano, porém, as chuvas podem oscilar acima ou abaixo dessas médias, com tendência de menor volume no Sudeste sul-mato-grossense.
As temperaturas também devem pesar sobre o ciclo da soja. A média histórica para o período varia de 22°C a 28°C, mas os termômetros devem marcar patamares mais altos. A combinação de calor intenso e chuva irregular pode comprometer tanto a semeadura quanto o desenvolvimento das lavouras.
“O risco está nos dois extremos: menos chuva, somada às altas temperaturas, reduz a umidade do solo e pode causar falhas na germinação e atraso na emergência das plântulas. Já o excesso de chuva dificulta a entrada das máquinas e compromete a qualidade da semente”, explica Gabriel Balta, coordenador técnico da Aprosoja/MS.
A Aprosoja/MS estima que 70% da área de soja no estado seja plantada entre 18 de outubro e 8 de novembro, período considerado o mais intenso de semeadura. Em dezembro, boa parte das lavouras já entra no estágio reprodutivo, exigindo ainda mais atenção às condições climáticas.
As incertezas são reforçadas pela previsão de 71% de ocorrência do La Niña, fenômeno associado a maior risco de estiagens intercaladas com chuvas intensas. Até o mês passado, os modelos climáticos indicavam maior probabilidade de neutralidade do ENOS (El Niño-Oscilação Sul), cenário que mudou rapidamente e exige redobrada cautela.
Diante desse quadro, especialistas recomendam estratégias de mitigação, como escalonamento do plantio, uso de sementes de alto vigor, manejo adequado da umidade do solo antes da semeadura e monitoramento constante das previsões meteorológicas.
Apesar dos desafios, as projeções para a safra 2025/2026 são otimistas. A área plantada pode alcançar 4,79 milhões de hectares, crescimento de 5,9% em relação ao ciclo anterior. A produção estimada é de 15,2 milhões de toneladas, avanço de 8,1%, com produtividade média projetada em 52,8 sacas por hectare, 2% acima do desempenho da safra passada.
Angela Schafer, de Campo Grande/Informações: Acrissul e Aprosoja/MS
Foto: Divulgação Acrissul