Campo Grande completa 126 anos nesta terça-feira, 26 de agosto, e celebra uma trajetória que vai da pequena povoação rural à capital moderna de um estado brasileiro. Conhecida por ser uma das capitais mais arborizadas do país, Campo Grande é rica em paisagens e bem- estar, que impressiona quem visita a capital sul-mato-grossense.
Elevada à condição de município em 26 de agosto de 1899, a cidade tem origens anteriores: a formação do primeiro núcleo urbano remonta à década de 1870, quando pioneiros vindos de Minas Gerais ergueram acampamentos e povoados na região que então era sertão e rota de tropeiros. Entre os nomes ligados à fundação está José Antônio Pereira, figura lembrada em museus e nos registros da cidade.
Mas essa história começou a mais tempo, antes da chegada desses pioneiros, a região era habitada por povos indígenas que preservaram culturas próprias por séculos. Comunidades Terena, Guarani (entre elas os Kaiowá) e outros grupos indígenas marcaram e marcam a presença regional, com línguas, saberes e modos de vida que ainda influenciam a cultura e o cotidiano da capital e do estado. A história indígena é parte essencial para entender o território antes da ocupação e os desafios contemporâneos de reconhecimento e direitos.
O crescimento de Campo Grande esteve ligado a ciclos econômicos e a melhorias nas ligações de transporte. No início do século XX, a chegada e extensão de ramais ferroviários e, posteriormente, a integração por rodovias aumentaram o fluxo de pessoas, gado e mercadorias, consolidando a cidade como um polo comercial e logístico na região Centro-Oeste. Esse papel foi determinante para transformar a economia local: da pecuária extensiva ao fortalecimento do agronegócio e de serviços que hoje sustentam grande parte da atividade econômica.
Campo Grande também se tornou centro de educação superior e pesquisa no sul do Brasil: a criação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em 1979, consolidou a cidade como um importante polo acadêmico e formador de profissionais para toda a região. A presença de centros de ensino, hospitais universitários e institutos de pesquisa ajudou a diversificar a economia e a qualificar o mercado de trabalho local.
Politicamente, a transformação mais decisiva do século XX para Campo Grande ocorreu com a divisão do estado de Mato Grosso. Em 1977 o território do antigo estado foi desmembrado por decreto presidencial; a nova unidade federativa, Mato Grosso do Sul, teve sua implantação formalizada em 1979, com Campo Grande assumindo o papel de capital. Essa mudança institucional realçou a importância administrativa e estratégica da cidade.
Curiosidades e marcos que ajudam a contar a história da cidade:
• A data de elevação a município, 26 de agosto de 1899, é comemorada como aniversário oficial.
• O Museu José Antônio Pereira preserva memórias da fundação e da vida cotidiana dos primeiros habitantes.
• Campo Grande cresceu com feiras e mercados, a Feira Livre Central, regulamentada em 1925, é exemplo da importância do comércio local para a consolidação urbana.
• A cidade funciona hoje como porta de entrada para destinos naturais da região, como o Pantanal e pontos de ecoturismo, o que atrai turismo ligado à natureza e à cultura regional.
O que fez Campo Grande virar esse “potencial” regional? A resposta está na combinação de localização, capacidade logística, atividades agropecuárias dinâmicas e investimentos em infraestrutura pública e educação. A malha rodoviária que liga a capital a outros centros, o fortalecimento do agronegócio nas últimas décadas e a consolidação de serviços públicos e privados na cidade atraíram gente, empresas e investimentos, fatores que transformaram uma vila do interior em um centro urbano com influência estadual.
Hoje, ao completar 126 anos, Campo Grande celebra não só uma data, mas um processo histórico vivo: das raízes indígenas e dos primeiros acampamentos de tropeiros ao papel de capital do Mato Grosso do Sul. As comemorações e as ações municipais que marcam o aniversário também mostram uma cidade que dialoga com o presente, entre cultura, economia e memória, e projeta-se para o futuro. Para quem deseja explorar mais a fundo, arquivos municipais, o acervo do Museu José Antônio Pereira e pesquisas acadêmicas sobre a região oferecem ricas fontes de histórias locais e testemunhos.
Para celebrar os 126 de Campo Grande, separamos aqui um episódio da Série Campo Grande 120 anos, produzida em 2019, uma parceria com o SBT e vários apoiadores, que na época, resgataram um pouco da história de como tudo começou na capital sul-mato-grossense:
Angela Schafer
