Do resgate à renovação da vida: onça Miranda reaparece no Pantanal com filhote após reabilitação

O reencontro com Miranda aconteceu em 21 de junho de 2025
Foto: Divulgação

A onça-pintada que caminha majestosamente pela mata do Pantanal, acompanhada pelo filhote curioso e saudável é Miranda, a mesma onça resgatada em estado grave após os incêndios que atingiram a região em agosto de 2024. Recuperada com cuidados intensivos no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), ela foi reintegrada à natureza e agora, menos de um ano depois, protagoniza uma das histórias mais emocionantes da conservação da fauna brasileira.

O reencontro com Miranda aconteceu em 21 de junho de 2025, graças a armadilhas fotográficas instaladas pela equipe do projeto Onçafari. Desde sua soltura, o animal vinha sendo monitorado com o auxílio de um colar de rastreamento GPS/VHF, instalado pelo Onçafari em parceria com o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Esse monitoramento revelou que Miranda não apenas se readaptou com sucesso ao ambiente selvagem, como também demonstrou um comportamento típico de caça e autonomia alimentar. Seus deslocamentos longos, intercalados por pausas estratégicas, indicavam uma fêmea saudável, ágil e resiliente. A confirmação de que ela agora é mãe reafirma que sua reintegração foi bem-sucedida — um marco para a ciência, para a preservação e para o Pantanal.

“O caso de Miranda é a prova concreta de que, com conhecimento técnico e parcerias sólidas, conseguimos transformar situações de vulnerabilidade em histórias de sucesso. Acompanhamos com orgulho sua adaptação e, agora, com o nascimento do filhote, reafirmamos nosso compromisso com a proteção da biodiversidade do Pantanal”, destacou o diretor-presidente do Imasul, André Borges.

Uma força-tarefa pela vida

A trajetória de Miranda é resultado de um esforço coletivo que uniu instituições e profissionais em torno de um objetivo comum: salvar uma vida e dar a ela a chance de recomeçar. Ferida gravemente nas patas pelas chamas, Miranda foi encontrada abrigada em uma manilha às margens de uma estrada no município de Miranda (MS). O resgate envolveu uma força-tarefa formada pelo CRAS, Gretap, Ibama e Polícia Militar Ambiental (PMA), em uma operação que durou 26 horas.

Após o resgate, a onça foi levada ao CRAS, em Campo Grande, onde permaneceu por 43 dias recebendo tratamento intensivo. A reabilitação incluiu curativos diários com pomadas cicatrizantes, sessões de ozonioterapia, dieta reforçada com até 5 kg de carne por dia, além de constante acompanhamento clínico e comportamental.

Sua soltura, em 27 de setembro de 2024, foi cuidadosamente planejada para ocorrer em uma área preservada do Pantanal, escolhida por oferecer as melhores condições de readaptação e segurança.

“A jornada de Miranda agora inspira ainda mais: não só sobreviveu aos incêndios, como se tornou mãe na natureza. Sua história reforça a importância de políticas públicas e iniciativas que garantam suporte a animais silvestres atingidos por desastres ambientais e ações humanas. É um lembrete poderoso da capacidade de regeneração da vida quando há apoio e proteção adequados”, afirmou Aline Duarte, gestora do CRAS.

Esperança de continuidade

O filhote de Miranda representa mais do que uma nova vida: ele simboliza a continuidade da espécie, a força da natureza e o impacto real das ações de preservação ambiental. Em tempos de constantes ameaças à biodiversidade, histórias como essa são faróis que iluminam o caminho da esperança.

Miranda não apenas sobreviveu. Ela venceu. E agora, ao lado de seu filhote, caminha livre — como deve ser — no coração do Pantanal.

Fonte: Redação Alô Mídia/Campo Grande

Texto: Angela Schafer

Fotos: Divulgação