Uma operação realizada pelo Ministério da Agricultura nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina revelou um escândalo envolvendo a produção e comercialização de falsos cafés. O que muitos consumidores compravam acreditando ser pó de café puro, na verdade, era uma mistura de resíduos agrícolas, cascas e grãos descartados, sem qualquer presença real do fruto do cafeeiro.
As marcas responsáveis pelos produtos, que não foram reveladas publicamente, foram alvo de fiscalização após denúncias de fraudes. Em resposta, o ministério determinou o recolhimento imediato dos lotes que estavam sendo comercializados em supermercados. Segundo Hugo Caruso, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov), o material apreendido “não pode nem ser considerado alimento”.
Além de conter impurezas e resíduos da lavoura, como grãos ardidos e defeituosos, os produtos analisados apresentaram substâncias tóxicas com potencial cancerígeno, ampliando o risco à saúde pública. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também será acionada para avaliar o impacto sanitário da fraude.
As embalagens chamavam a atenção por tentarem imitar marcas tradicionais de café, mas, em letras minúsculas, indicavam apenas “pó para preparo de bebida sabor café” — uma artimanha que pode enganar o consumidor desatento. Essa estratégia comercial levanta um alerta sobre a falta de transparência e regulação efetiva no rótulo de alimentos ultraprocessados.
Com o preço do café tradicional subindo nos últimos meses, muitos consumidores foram atraídos por versões mais baratas que imitavam o produto original. O problema é que, além de não entregarem o café prometido, essas misturas não informam com clareza sua composição e podem conter ingredientes como milho, cevada ou aromatizantes artificiais, desrespeitando os limites da legislação brasileira para o produto.
A legislação atual até permite até 1% de impurezas naturais em cafés comercializados, mas proíbe a inclusão de elementos estranhos, como outros grãos ou aditivos disfarçados.
O caso expõe uma fragilidade no controle de qualidade dos alimentos vendidos no Brasil e reforça a importância da fiscalização e da atenção do consumidor ao rótulo. Produtos que parecem bons demais para ser verdade, muitas vezes, não são apenas ruins — são perigosos.
Portal Alô Mídia
Fonte: G1