26/09/2025 17:56

MS tem mercado de R$ 1 bilhão com alta exposição ao tarifaço dos EUA

Mato Grosso do Sul tem um mercado de R$ 1,05 bilhão exposto a tarifas já aplicadas ou ainda sob ameaça de taxação pelos Estados Unidos, indica estudo feito pela Agência de Promoção das Exportações (Apex Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, informa o Correio do Estado.

A agência de promoção dos produtos brasileiros no mercado externo identificou que seis produtos de Mato Grosso do Sul estão excessivamente expostos ao mercado norte-americano. Ao todo, são US$ 198,5 milhões (aproximadamente R$ 1,05 bilhão, na cotação de ontem) comercializados em 2024.

Também no ano passado, Mato Grosso do Sul exportou US$ 669,6 milhões (R$ 3,5 bilhões). Porém, há em mais da metade da lista produtos que podem conquistar mercados alternativos. Os produtos sul-mato-grossenses mais expostos a tarifas já aplicadas ou a eventuais novas tarifas dos Estados Unidos são o ferro fundido, sebo bovino, couro, carne bovina salgada (em salmoura ou defumada), gorduras e óleos animais e ovos (in natura ou em pó).

A venda de ferro fundido para outros países, em 2024, resultou em receita de US$ 132 milhões, e US$ 123 milhões vieram das vendas para os EUA.

No caso do sebo bovino e da carne salgada, a exposição é total. Praticamente a totalidade da exportação desses dois produtos sul-mato-grossenses tem como destino os Estados Unidos. O sebo bovino é muito utilizado nas indústrias de cosméticos e química. Já as carnes salgadas servem de matéria-prima para produtos processados na indústria alimentícia.

Foram exportados para os EUA nada menos que US$ 46,1 milhões em sebo bovino e US$ 9,8 milhões em carnes salgadas. As gorduras animais também estão 100% expostas ao mercado norte-americano, e o total comercializado em 2024 foi de US$ 4,9 milhões.

Dos US$ 20,9 milhões de couro bovino exportados por Mato Grosso do Sul, US$ 10,3 milhões tiveram como destino os Estados Unidos. Dos US$ 3,9 milhões que os exportadores de ovos de MS faturaram, US$ 3,5 milhões foram com vendas para o mercado norte-americano.

No caso específico do ferro fundido, o tarifaço ainda não foi aplicado. O setor paga, atualmente, apenas a tarifa de 10%, imposta em abril pelo governo norte-americano. Na segunda rodada do tarifaço, em agosto, o setor escapou da tarifa adicional de 40%, aplicada pela gestão de Donald Trump, mas ainda está sujeito a regramentos específicos, que podem resultar em tarifas adicionais em um regime de cotas imposto pelo governo dos EUA.

No caso da carne bovina e seus derivados, o tarifaço de 50% está vigente, mas o setor está encontrando alternativas. O México é um dos destinos, além da China (maior parceiro de Mato Grosso do Sul e também do Brasil), que absorve parte do que os EUA deixaram de comprar.

Há sugestão da Apex para que os produtos 100% expostos ao mercado norte-americano sejam vendidos a outros mercados em potencial, como Canadá, Sérvia e Malásia no caso do sebo bovino; Bélgica, Chile e México, no caso das gorduras animais; e China, Polônia e Alemanha, no caso do couro. A carne salgada pode ser vendida para França, Suíça e Eslovênia.

Exportações
Apesar das mudanças no mercado global, as exportações de Mato Grosso do Sul para todo o mundo continuam com bom desempenho este ano. O Estado já exportou US$ 7,3 bilhões e importou bem menos: US$ 1,7 bilhão, conquistando um saldo de US$ 5,6 bilhões na balança comercial.

A China é o destino de 46,8% das exportações de MS, e comprou, entre janeiro e agosto deste ano, US$ 3,4 bilhões em produtos do Estado. Apesar do tarifaço, os Estados Unidos ainda são o segundo maior parceiro comercial de Mato Grosso do Sul, com um volume de US$ 396,5 milhões comercializados entre janeiro e agosto e uma participação de 5,4% nas exportações. Em 2024, porém, os EUA tiveram participação de 6,7% do total exportado. Itália (3,9% de participação), Argentina (3,5%) e Holanda (3,4%) aparecem na sequência.

A celulose puxa as exportações do Estado, sendo responsável por 30% (US$ 2,2 bilhões) das vendas, seguida pela soja, que representa 27,3% (US$ 2 bilhões). A carne bovina é o terceiro produto da lista, responsável por 15,1% das vendas externas de MS (US$ 1,1 bilhão).

EDUARDO MIRANDA – CORREIO DO ESTADO