O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio do Núcleo Ambiental, tem reforçado as ações do programa Pantanal em Alerta, criado para enfrentar as queimadas no bioma pantaneiro. As iniciativas, intensificadas ao longo de 2024, têm sido fundamentais para identificar os pontos de origem dos focos de calor, articular esforços com os órgãos de combate e reduzir o tempo de resposta diante dos incêndios. O objetivo é claro: minimizar os impactos à biodiversidade e às comunidades locais.
Segundo levantamento do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma), com base em análises do Núcleo de Geotecnologias (Nugeo), o Pantanal sul-mato-grossense registrou 234 incêndios ao longo do ano passado, atingindo 830 propriedades e devastando cerca de 1,74 milhão de hectares. Os números revelam a dimensão da crise ambiental e a urgência de medidas preventivas mais eficazes.
Para o promotor de Justiça e coordenador do Núcleo Ambiental, Luciano Furtado Loubet, o cenário exige ação conjunta e responsabilidade compartilhada. “75% de tudo que queimou no Pantanal do Mato Grosso do Sul iniciou em propriedade privada, então isso demonstra que a gente precisa trabalhar em parceria com os proprietários para evitar esses incêndios”, afirmou. Ele destaca que, muitas vezes, as propriedades atingidas são vítimas de focos iniciados em áreas vizinhas.
Já em 2025, o MPMS mapeou 357 propriedades classificadas como prioritárias para ações de prevenção. A seleção se baseou em critérios técnicos, como o histórico de incêndios, baixa capacidade de regeneração do ecossistema e proximidade de áreas protegidas. A partir disso, será elaborado um plano conjunto de atuação, com orientações técnicas, fiscalização e medidas antecipadas antes do início da estiagem. Essa estratégia conta com o apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ (Lasa/UFRJ).
O enfrentamento aos incêndios também envolve um esforço coletivo entre diversas instituições. Entre os parceiros estão a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), o Corpo de Bombeiros, o Ibama, a Defesa Civil, a Polícia Militar Ambiental (PMA) e o Instituto de Perícias Criminais. Essa atuação integrada permite respostas mais rápidas e eficientes. Além disso, o programa incentiva a elaboração de planos de prevenção personalizados para cada propriedade, estimulando a corresponsabilidade pela proteção ambiental.
Inteligência e tecnologia a favor da conservação
O Pantanal em Alerta representa a preservação do patrimônio natural sul-mato-grossense. Apostando na união entre tecnologia, inteligência e cooperação, o programa vai além do combate aos incêndios: busca transformar a forma como o território pantaneiro é gerido.
Uma das principais ferramentas utilizadas é o Sistema Pantanal em Alerta, que opera com dados quase em tempo real sobre focos de calor, fornecidos pelo sistema FIRMS (Fire Information for Resource Management System), da Nasa. Assim que um novo foco é detectado, alertas automáticos são enviados por e-mail e SMS a proprietários rurais e brigadistas cadastrados, permitindo uma reação mais rápida e coordenada.
O MPMS destaca que, em 2025, o foco no trabalho preventivo com os proprietários deve ser ainda mais intenso já no primeiro semestre. A instituição também lembra que qualquer cidadão pode contribuir na defesa do meio ambiente, denunciando irregularidades por meio da Ouvidoria no site do MPMS ou em parceria com outros órgãos. Todas as denúncias são analisadas e podem resultar em investigações e ações judiciais.
Fonte: Alô Mídia/Campo Grande
Texto: Angela Schafer com informações do MPMS
Fotos: Decom MPMS


