A cidade de Itajobi, no interior de São Paulo, conhecida como um dos maiores polos produtores de limão do Brasil, enfrenta uma entressafra desafiadora. A combinação de clima seco, altas temperaturas e chuvas escassas reduziu em até 20% a produtividade dos pomares — impactando tanto o tamanho das frutas quanto os lucros dos produtores.
Frutas menores e destino incerto
Com 50 mil pés de limão cultivados, o produtor Vitor Hugo Roque relata a piora nas condições da lavoura. “A planta não se desenvolve, dá pouco fruto e a colheita fica complicada”, afirma. Mesmo com sistema de irrigação, a escassez de chuvas afetou o crescimento dos frutos, que permanecem miúdos e fora do padrão exigido pelo mercado.
Segundo o engenheiro agrônomo Uander Júnior Baunilha, o tamanho do limão é decisivo para a comercialização. Frutos pequenos perdem valor de mercado e, muitas vezes, acabam destinados à indústria de moagem, que paga menos do que o mercado in natura. “Ou o produtor espera a chuva ou vende com prejuízo”, diz Uander.
Impacto na exportação e na renda
Na região, as frutas são submetidas a um rigoroso processo de seleção. Uma beneficiadora local, que processa até 6 toneladas por dia, exporta 30% da produção para países da Europa e América do Sul — destinos que exigem frutas grandes e com casca mais grossa, resistentes ao transporte. Em 2024, a empresa beneficiou 32 toneladas, número que dificilmente será atingido este ano.
O produtor Ciniro Sorge, que cultiva cerca de 2 mil pés, também viu a colheita ser prejudicada. Parte da produção sequer saiu do chão. “Faz três anos que enfrentamos secas fortes. A planta sente muito”, lamenta.
Indução sem resultado e preço em queda
Para tentar minimizar os impactos da seca, produtores apostaram na técnica da indução floral — feita meses antes da entressafra para estimular a florada. No entanto, a falta de chuva impediu os resultados esperados. “A indução depende da chuva. Sem ela, não adianta”, explica o consultor agrícola Duan Júnior Magalhães.
Além da queda de produtividade, o preço também desapontou. Enquanto em 2024 a caixa de limão chegou a R$ 120 na entressafra, em 2025 o valor não ultrapassou os R$ 90. O cenário desanimador, porém, não tira a fé do produtor Vitor Hugo. “É muito trabalho, mas também muito amor. A gente segue acreditando que o clima vai melhorar.”
A esperança vem da primavera
Os produtores agora apostam nas chuvas de primavera para salvar parte da safra e garantir limões dentro do padrão exigido pelo mercado interno e externo. Se o clima colaborar, Itajobi pode manter seu protagonismo na produção nacional de limão.







