Sem o café do Brasil, o americano não acorda:

Especialistas alertam que substituição por outros países é inviável e pode gerar crise no mercado dos EUA

Enquanto o governo Lula insiste em tensionar as relações com os Estados Unidos, o café brasileiro segue sendo peça-chave no xadrez comercial internacional. Responsável por abastecer quase um terço do mercado americano, o Brasil se torna cada vez mais insubstituível — e qualquer tentativa de rompimento ou tarifação pode custar caro à maior potência mundial.

A ameaça de uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro acendeu o sinal de alerta em todo o setor. De acordo com especialistas, essa medida tornaria o comércio entre os dois países “praticamente inviável”, pressionando a inflação nos Estados Unidos e impactando diretamente o bolso do consumidor norte-americano, que já enfrenta alta nos preços — só nos últimos 12 meses, o café subiu 32,4% por lá.

“Eles estão extremamente preocupados”, afirma Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé, que acompanha de perto as movimentações em Washington.

Brasil: o motor invisível da cafeína norte-americana

Os Estados Unidos são o maior mercado consumidor de café do mundo. No entanto, produzem internamente apenas 1% do que consomem. Todo o restante vem de países produtores — com o Brasil liderando com folga: 34% de todo o café importado pelos EUA é brasileiro, o que representa cerca de 8 milhões de sacas por ano.

“Se o Brasil sai da equação, não há como substituir essa quantidade em curto prazo”, afirma Fernando Maximiliano, analista da consultoria StoneX. Ele destaca que a Colômbia, segunda maior fornecedora, produz menos de um terço do que o Brasil oferece.

Uma decisão política pode afetar o café do americano comum

Segundo a Cogo Consultoria, a imposição de uma taxa de 50% criaria um colapso logístico. Não apenas os EUA teriam dificuldades para suprir a demanda, como o Brasil redirecionaria sua produção para mercados mais vantajosos, como Europa e Ásia, que já vêm intensificando relações com o agronegócio brasileiro.

Em abril, a Associação Nacional do Café dos EUA já havia se manifestado, buscando diálogo com a Casa Branca para evitar a taxação do café brasileiro. Segundo William Murray, presidente da associação, o setor trabalha para conseguir a isenção tarifária, reconhecendo o Brasil como parceiro estratégico.

Quando ideologia fala mais alto que a estratégia

A dependência americana do café brasileiro não é segredo para ninguém — e o Brasil, gigante do agro, segue sendo fundamental para a estabilidade de mercados internacionais. Enquanto isso, por aqui, o governo Lula parece mais preocupado em agradar aliados ideológicos do que em fortalecer relações comerciais com parceiros estratégicos.

O Brasil precisa ser respeitado como potência exportadora. Punir o nosso café seria punir o próprio consumidor americano, que todos os dias começa sua rotina com um produto colhido por mãos brasileiras.