O mercado global da soja encerrou o mês de abril em queda nas cotações, refletindo uma combinação de fatores climáticos e geopolíticos. Mesmo com uma trégua parcial na guerra tarifária entre Estados Unidos e China, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, o avanço acelerado do plantio norte-americano e a forte oferta da América do Sul puxaram os preços para baixo.
Segundo a Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), o contrato da soja para o primeiro mês de vencimento fechou na quinta-feira (1º) cotado a US$ 10,40 por bushel, abaixo dos US$ 10,53 da semana anterior. A média de abril ficou em US$ 10,28, 2,3% acima de março, mas ainda longe dos US$ 11,64 registrados em abril de 2024.
Apesar da queda nos grãos, o óleo de soja subiu 11,8%, o que ajudou a conter uma desvalorização ainda maior. Já o farelo de soja recuou 1,3% em abril.
Produção em alta e vendas lentas na América do Sul
Nos Estados Unidos, o plantio da soja já alcança 18% da área prevista, bem acima da média histórica de 12% para o mesmo período. Os embarques semanais também seguem firmes, somando 439 mil toneladas até 24 de abril — com um acumulado de 43,1 milhões de toneladas no atual ano comercial, número 11% superior ao registrado no mesmo período de 2023/24.
Já na Argentina, as vendas da soja andam em marcha lenta. Mesmo com um novo regime cambial, apenas 24% da safra colhida (49 milhões de toneladas) foi comercializada — o ritmo mais fraco em 11 anos. Vale lembrar que o país é o principal exportador global de óleo e farelo de soja, o que impacta diretamente os preços internacionais.
Mesmo com um recuo nas tensões comerciais, a “guerra tarifária” iniciada pelo governo Trump ainda deixa reflexos. A recuperação parcial da economia global e a incerteza nos fluxos de comércio continuam influenciando o mercado. Para os analistas, o clima no Meio-Oeste americano será determinante para as próximas semanas, além do comportamento dos fundos de investimento, que reagem à situação macroeconômica dos EUA.
Enquanto isso, a demanda chinesa, que por ora segue abastecida, ainda não deu sinais de retomada forte nas compras — um fator que poderia reverter a tendência de queda.
A recomendação é seguir monitorando o mercado externo, com foco nos movimentos climáticos nos EUA, a estabilidade cambial na Argentina e os desdobramentos políticos e econômicos da disputa tarifária global, que seguem ditando o ritmo das commodities agrícolas.